A pandemia de COVID-19 marcou um antes e um depois, tanto para a saúde pública como para a privada.
Durante a primeira vaga, os centros médicos e hospitalares ficaram saturados, o que obrigou a adiar milhares de intervenções e de consultas de outras doenças. Além disso, muitas pessoas deixaram de ir ao médico por receio de contágio e adiaram consultas essenciais.
Alguns meses mais tarde, o ambiente sanitário é diferente. Tanto o setor público como o privado combinaram forças para lidar com uma crise sanitária sem precedentes, o que permitiu que os hospitais, centros médicos e ambulatórios tivessem uma equipa preparada com protocolos exaustivos para protegerem os seus doentes. A rápida adaptação e o profissionalismo do setor transformaram estes centros nos espaços mais bem protegidos perante o vírus, apesar de ser o local onde os contagiados são atendidos, dia após dia.
Mas vamos analisar os dados reais do impacto da pandemia no setor da saúde.
Menos assistência por receio de contágio
Uma sondagem realizada em Portugal pela Multidados, uma empresa especializada em estudos de mercado, concluiu que durante o primeiro Estado de Emergência, apenas 28,8% dos doentes com doenças crónicas (diabetes, doenças do coração, doenças respiratórias ou cancro), recorreram a um serviço de saúde para uma consulta ou um tratamento.
Se analisarmos estes dados em conjunto com os da Liga Portuguesa Contra o Cancro,
o impacto da pandemia provocou uma queda de entre 60 e 80% nos novos diagnósticos de cancro. A Liga estima que mais de mil cancros da mama, do colo do útero, colorretal e de outros tipos ficaram por diagnosticar em 2020 por motivo de redução nas triagens atribuída à COVID-19.
E, além disso, diversos estudos desenvolvidos em vários hospitais, demonstram que muitos doentes adiaram consultas para não se dirigirem aos seus centros de saúde com receio de serem contagiados com COVID-19.
Espaços seguros
A saúde privada demonstrou estar preparada perante situações extraordinárias. O seu elevado envolvimento durante a pandemia, com a disponibilização de recursos e o espírito de colaboração, permitiu alivar ligeiramente a saúde pública, que se sentia sufocada. Além disso, a situação permitiu testar e reforçar os seus padrões de qualidade e de profissionalismo, melhorando a acessibilidade e os cuidados aos doentes através da sua rede alargada de centros.
Por outro lado, deve salientar-se que são cada vez em maior número os cidadãos que confiam na saúde privada para tratar as suas doenças ou patologias, atraídos por uma assistência rápida, sem listas de espera e um acesso direto simplificado a especialistas.