A adolescência, essa época repleta de mudanças, perguntas e busca de emoções, torna-se um cenário onde parece que o nosso papel como pai ou mãe é posto à prova.
À medida que os nossos filhos vão crescendo, vão adquirindo novas experiências, novos gostos, novos interesses e metas que podem romper a harmonia familiar. Nós, como pais, devemos adaptar-nos a estas mudanças da melhor forma possível, sendo flexíveis em muitos dos hábitos, tradições e limites que sempre impusemos como autoridade, mas sem deixar de sermos o que somos, pais.
Durante este período, os filhos questionam tudo devido à necessidade que têm de estabelecer a sua própria autoridade e identidade, o que é algo que nos assusta.
Javier Quintero, Chefe do Serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário Infanta Leonor em Madrid, compara a adolescência com as obras de uma casa: não se pode trabalhar em todos os divisões ao mesmo tempo. Durante a adolescência, no nosso cérebro produzem-se várias mudanças, sendo que há um desenvolvimento mais marcado nas regiões subcorticais (parte emocional) do que no córtex pré-frontal (parte racional, que planeia e toma decisões). Com a região subcortical mais desenvolvida, a parte racional não é capaz de controlar as ondas emocionais que têm lugar no cérebro dos nossos filhos. Por esta razão, como pais e com a nossa parte racional já madura, devemos controlar a situação e entender o que está a acontecer no cérebro dos nossos filhos. Não podemos responder às suas emoções com mais emoções, ou entraríamos num ciclo vicioso contínuo.
Javier Quintero destaca que temos de tentar ser emocionalmente neutros com os nossos argumentos, da mesma forma que o éramos quando os nossos filhos eram pequenos e não queriam comer. Claramente, teremos muitas outras ocasiões para poder conectar com os nossos filhos emocionalmente, mas sem nos esquecermos que não somos um “amigo”. Podemos dar-nos muito bem com eles, e talvez até fazer com que eles se deem melhor connosco do que com os próprios amigos, mas nunca deixamos de ser pais ou mães. Precisamos de aprender a ouvir, a saber quando controlar as emoções, a decifrar quando é necessário ser tolerante e ser imperativo.
O objetivo fundamental da educação dos nossos filhos é conseguir que aprendam a ser responsáveis pelas suas ações. Para tal, muitas vezes é necessário deixá-los ser livres (de acordo com a idade que têm, claro) sem impor regras supérfluas. Javier Quintero realça que “muitas vezes, ao contrário do que se pensa, temos a oportunidade de entender os seus comportamentos – o que não significa aceitá-los – e, a partir dos mesmos, poder ajudá-los”.
Apesar de crescerem, serão sempre nossos filhos. E vamos cuidar deles, protegê-los, educá-los, tudo em busca da sua felicidade. Porque por isso mesmo é que somos pais.
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